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HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

FACULDADE DE MEDICINA E CIRURGIA DO PARÁ


Denominações: Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará (1919); Faculdade de Medicina da
Universidade do Pará (1957); Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (1965)

 

 

Faculdade de Medicina e Cirurgia do ParáDicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930)Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz - (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)


HISTÓRICO

A Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará foi fundada em 9 de janeiro de 1919, em Belém, por 
iniciativa conjunta de alguns membros da Associação Científica do Pará, que mantinha a Escola
Livre de Odontologia do Pará. Com o médico paraense Camillo Henrique Salgado à frente do
projeto, foi instalada oficialmente no dia 1º de maio de 1920, em sessão presidida pelo governador
do Estado do Pará, Lauro Sodré, numa época em que se vivia a crise econômica da borracha na
região amazônica.


Antônio Emiliano de Sousa Castro, o Barão de Anajás, ocupou então o cargo de diretor, por
indicação de Camillo Henrique Salgado, que ficou como vice-diretor. Inicialmente a entidade
funcionou no Ginásio Paes de Carvalho, depois chamado Colégio Estadual Paes de Carvalho. Um
ano e alguns meses depois de sua inauguração, a instituição se desvinculou da Associação
Científica, quando seu corpo docente passou a administrá-la.


A Faculdade contou em seu início com cerca de 60 alunos, incluindo entre eles os vindos de
estados vizinhos como Amazonas e Maranhão que não possuíam até então cursos de nível
superior nesta área. Além disso, muitos desses estudantes não tinham condições financeiras de se
deslocarem para os grandes centros no sul do país, onde se encontravam os cursos de medicina
de maior tradição: Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina da Bahia,
Faculdade de Medicina de Porto Alegre, Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo e
Faculdade de Medicina de Belo Horizonte.


Camillo Henrique Salgado teve participação decisiva na fase de estabilização do curso, alertando
os médicos para o significado da iniciativa, recebendo adesões dos mesmos, organizando o
currículo e designando professores e disciplinas a serem lecionadas, entre outras contribuições.
Ele também empenhou-se em campanha popular para angariar fundos para melhoria das
instalações da Faculdade, aplicando os recursos obtidos na aquisição do prédio no Largo de Santa
Luzia, que, em 1923, funcionava como Grupo Escolar.


Ao obter autonomia administrativa, desvinculando-se da Associação Científica do Pará, a
faculdade passou a ser mantida pela contribuição de alunos, subvenções do governo estadual e
doações da população. Com isso melhorava as instalações e adquiria modernas aparelhagens,
além de construir sua biblioteca.


Ainda em 1923, a Faculdade diplomou seus primeiros oito alunos: Antonio Magno e Silva, João
José Teixeira Marques, Bianor Martins Penalber, Matheus Lydio Pereira de Souza, Antonio
Siqueira Mendes, Hippolito Carelli, Antonio Ferro e Silva e Aristoteles de Mattos Fernandes, todos
internos do Hospital da Santa Casa da Misericórdia. Sob a gestão de Camillo Henrique Salgado,
que já naquele ano substituía o Barão de Anajás, que estava licenciado, seu programa foi ampliado
com a implantação de um curso de obstetrícia. Reunindo 13 estudantes todas do sexo feminino, foi
designado para professor Agostinho Monteiro.


No ano de 1924, foi publicado o "Livro do Centenário", comemorativo da independência do Brasil,
no Pará. Neste foi feita menção ao novo prédio situado no Largo de Santa Rita, próximo ao

Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Belém. A Faculdade teria iniciado suas atividades nas
novas instalações, que foram reformadas para acomodá-la, à partir de abril de 1924. Neste ano em
4 de setembro, foi conseguida sua oficialização pelo Governo do Estado.


Ainda na esteira dos acontecimentos ligados às comemorações do centenário da independência,
em 1924 houve a tentativa, sem êxito, de se criar a Universidade Livre do Pará, iniciati va que partiu
de alguns dos membros da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, como Camillo Henrique
Salgado, João Baptista Penna de Carvalho (professor de clínica neurológica), e Oscar Pereira de
Carvalho (professor substituto de patologia geral). Seu objetivo era o de manter cursos avulsos
sobre diferentes matérias em regime de palestras e conferências, visando assim uma formação
cultural de idéias gerais.


De acordo com a Mensagem de 1926 do Governador do Estado Dyonisio Ausier Bentes, foram
matriculados 81 alunos para o ano letivo de 1925, subindo para 115 no ano seguinte. No texto
dessa mensagem, foi ressaltada a importância da instituição de ensino para a região amazônica,
como difusora dos "cuidados preventivo da higiene e a ação decisiva das profilaxias",
possibilitando a assistência e o conselho do médico para vencer os obstáculos relacionados à
saúde.


Segundo relatório apresentado em 1926 ao Diretor do Departamento Nacional de Ensino, Juvenil
da Rocha Vaz, pelo Diretor de Seção de Expediente e Contabilidade, José Bernadino Paranhos da
Silva, a instituição funcionava em condições precárias, num prédio "velho e acanhado", não
havendo laboratórios suficientes para o ensino experimental. Contava apenas com gabinetes
deficientes de química, física e história natural além de quatro ou cinco microscópios. O ensino de
clínicas médicas ministrado pelo professor Acylino de Leão Rodrigues era o único que se
apresentava mais aparelhado por funcionar no Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Belém
do Pará, que o autor considerava um dos melhores hospitais do norte do Brasil, fora o Hospital do
Centenário do Recife.


Federalizada pela lei nº 1.049, de 3/01/1950, a Faculdade de Medicina e Cirurgia destacou-se das
demais instituições de ensino superior do Estado (Escola Livre de Odontologia do Pará e
Faculdade de Farmácia do Pará) por apresentar maior número de funcionários e professores, além
de ter maior projeção geográfica, já que atendia à população da Amazônia e de grande parte do
nordeste do país.


Depois de várias tentativas de se criar uma universidade no Estado paraense, destacando-se entre
elas a Universidade Rural da Amazônia (1946) e a Universidade da Amazônia (1955), somente em
1957 foi criada a Universidade do Pará, instituída pela lei nº 3.191 de 2 de julho, sancionada pelo
Presidente da República Juscelino Kubitschek. Com isso a Faculdade de Medicina foi a ela
incorporada, além de outras seis escolas superiores já existentes: faculdade de direito, faculdade
de farmácia, faculdade de odontologia, escola de engenharia, faculdade de filosofia, ciências e
letras e faculdade de ciências econômicas, contábeis e atuariais.


A partir de 1965, pela lei federal nº 4.760 de 23 de agosto, todas as universidades vinculadas ao
Ministério da Educação e Cultura foram designadas federais, recebendo a denominação do
respectivo Estado. Dessa forma, a instituição recebeu o nome de Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Pará.


Corpo Docente:
O corpo docente inicial da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará sofreu diversas mudanças
até 1922, quando ficou relativamente estabilizado.


No ano de 1923, ficou assim constituído: Germ iniano Coelho (clínica médica); Mário Chermont
(física médica); Pinheiro Sozinho (história natural); Dionysio Bentes (fisiologia-1ªparte); Américo
Campos (fisiologia-2ªparte); Hermogenes Pinheiro (anatomia descritiva-1ªparte); José Alves Dias
Júnior (anatomia descritiva-2ªparte); Evaristo Silva (histologia); Acylino de Leão (propedêutica
médica); Salgado dos Santos (propedêutica cirúrgica); Acatuassú Nunes Filho (microbiologia);
Arthur França (clínica médica-1ªcadeira); Souza Castro (clínica médica-2ªcadeira); Oswaldo
Barbosa ( clínica médica-3ªcadeira); Camillo Henrique Salgado (clínica cirúrgica-1ªcadeira);
Raimundo da Cruz Moreira (clínica cirúrgica-2ªcadeira); Lauro Magalhães (clínica cirúrgica-
3ªcadeira); Isidoro Azevedo Ribeiro (clínica dermatológica e sifiligráfica); Pedro José de Miranda
(clínica oftalmológica); Antônio Emiliano de Sousa Castro (patologia geral); João Prisco dos Santos
(anatomia e fisiologia patológicas); Gabriel Rodrigues de Souza (farmacologia e arte de formular);
Dagoberto de Souza (anatomia médico-cirúrgica e operações); Mattos Cascaes (terapêutica);
Carlos Franco (higiene); José Cyriaco Gurjão (clínica pediátrica e higiene infantil); Otto Santos
(clínica pediátrica cirúrgica e ortopedia); Chaves de Freitas (clínica otorinolaringológica); Francisco
Pondé (medicina legal); Agostinho Monteiro (clínica obstétrica); Antônio Joaquim Silva Rosado
(clínica ginecológica); João Baptista Penna de Carvalho (clínica neurológica); Porto de Oliveira
(clínica psiquiátrica) e Jayme Rosado (radiologia clínica).


FONTES
- COSTA, Cândido. Livro do Centenário. Belém: Ed. Princeps, 1924. (IHGB)
- DEPARTAMENTO NACIONAL DE ENSINO. Relatório apresentado ao Exmo. Professor Rocha
Vaz, Diretor Geral do Departamento pelo Diretor de Secção de Expediente e Contabilidade, J.B.
Paranhos da Silva, sobre os institutos de ensino do norte da República. Rio de Janeiro: Typografia
Rua do Carmo, 1926. (BN)
- FACULDADE de Medicina do Pará. Pará-Médico, Belém, v.II, Ano VIII, n.10, p.362-365, set.1922.
- FACULDADE de Medicina do Pará. Breve histórico dos 80 anos. Capturado em 28 nov. 2000. On
line. Disponível na Internet http://www.ufpa.br/ccs/faculdade-de-medicina -e-cirurgia.htm
- MENSAGEM apresentada ao Congresso Legislativo do Estado em sessão solene de abertura de
3ª reunião de sua 12ª legislatura a 7 de setembro de 1926, pelo Governador do Estado Dr.
Dionysio Ausier Bentes. Belém: Officinas Graphicas do Instituto Lauro Sodré (Escola Profissional
do Estado), 1926. Mensagens dos Presidentes de Província (1830-1930). Obtido via base de
dados PROJETO DE IMAGEM DE PUBLICAÇÕES OFICIAIS BRASILEIRAS DO CENTER FOR
RESEARCH LIBRARIES E LATIN-AMERICAN MICROFILM PROJECT. Capturado em 09 de
setembro de 2002. Online. Disponível na Internet: wwwcrl.uchicago.edu/info/brazil/pindex.htm
- MOREIRA, Eidorfe. Para a história da UFPA (panorama do 1ºdecênio). Belém, Grafisa, 1977.
(BN)

FICHA TÉCNICA
Pesquisa - Verônica Pimenta Velloso
Redação - Verônica Pimenta Velloso
Revisão - Francisco José Chagas Madureira.

 

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